Projeto-piloto avança nas zonas da Penha de França, Lumiar, Sete Rios e Cais do Sodré. Se correr bem será alargado a mais duas
O que fazer quando uma rua não é amiga dos peões e, ainda assim, não está incluída em nenhum dos grandes programas municipais que visam tornar mais fácil andar a pé em Lisboa? Optar por pequenas intervenções que não alteram o seu perfil, como retirar obstáculos, nivelar passadeiras ou regularizar o pavimento, mas que são suficientes para aumentar o conforto e a segurança de quem ali caminha.
É esta a solução que a autarquia pretende adotar para a Rua Morais Soares, a Avenida General Roçadas, a Alameda das Linhas de Torres, a Avenida Rainha Dona Amélia, a Avenida Columbano Bordalo Pinheiro e a Rua de São Paulo e, caso o resultado seja positivo, alargar a outras zonas da cidade. O investimento é de dois milhões de euros e, pelo menos nas duas primeiras, as obras deverão avançar já no segundo semestre deste ano. Os projetos estão ainda a ser elaborados e cada caso será estudado individualmente em conjunto com as juntas de freguesia, entre outras entidades.
“As ruas não se alteram, mas melhoramos as condições para os peões”, adianta ao DN o vereador dos Direitos Sociais, João Afonso, salientando que, em causa, estão vias com muito movimento pedonal e que acabaram por não ser incluídas nos dois programas de maior dimensão para o espaço público que a câmara municipal (CML) tem em curso: o Pavimentar Lisboa 2015–2020 e o Uma Praça em Cada Bairro. O primeiro, lançado em julho, visa reabilitar estruturalmente 150 artérias da capital, enquanto o segundo prevê a reconversão de 30 locais da cidade hoje dominados pelo automóvel em espaços de convívio ao ar livre. Em ambos, a melhoria da mobilidade pedonal é prioritária.
A opção ganhou destaque em 2014, ano em que entrou em vigor o Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa – o documento que orienta o Ruas Amigas do Peão, agora em desenvolvimento, e que conta com seis intervenções-piloto. No caso da Rua Morais Soares e a da Avenida General Roçadas, na Penha de França, a junta de freguesia local foi informada do projeto no último dia 18. A escolha agradou a Sofia Oliveira Dias, por se tratar de vias onde há “alguma sinistralidade”, que ainda não deixou de manifestar as suas “preocupações”.
Desde logo, a garantia de que, no processo, não desaparecem lugares de estacionamento. Depois, que são criadas zonas de estada, nomeadamente na Rua Morais Soares, que permitam a quem a sobe ter onde descansar. E, por último, que sejam removidos “obstáculos e elementos obsoletos” que dificultam a circulação nos passeios. A questão tem sido uma das áreas que mais atenção têm merecido da parte do município – só entre o início do ano e meados deste mês, foram retirados dos passeios de Lisboa cerca de 700 sinais verticais, segundo dados então revelados pela autarquia. A medida é útil sobretudo para quem tem mobilidade reduzida, mas não só.
“Esta freguesia está envelhecida: esse é um dos motivos por que andamos a fazer força para este projeto avançar. Mas é um problema para os dois extremos: andar com carrinhos de bebé também é difícil”, lembra ao DN Sofia Oliveira Dias, que, tal como propôs no dia 18, gostaria de que a iniciativa da CML abrangesse o quarteirão do Museu do Azulejo e a Quinta do Lavrado, um bairro de habitação municipal, onde faltam, por exemplo, coisas tão simples como corrimãos.
Fonte: Diário de Notícias